Padre Robson admite atuar em crime organizado e diz ser o chefe da quadrilha

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisa um novo pedido de prisão preventiva contra o religioso e outras quatro pessoas pelo crime de corrupção ativa. O requerimento foi mostrado pela Polícia Federal (PF) no dia 17 de novembro, seis meses depois de uma investigação criminal contra Robson ser suspensa pela Corte.
A reportagem ainda mostrou que o padre e a equipe jurídica se reuniram para discutir estratégias com o intuito de camuflar a ilegalidade de contratos. Os documentos dizem respeito a compras feitas pela Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) em nome de terceiros.
REUNIÃO
Segundo a reportagem, o encontro durou quase uma hora, e teve a presença do padre Robson, do advogado Klaus Marques, de uma funcionária da Afipe identificada como Alessandra e de outra advogada, não identificada.
Em dado momento da conversa, uma das pessoas diz ter lido o resultado da possível apuração sobre o caso. Voltando-se ao padre, Alessandra diz: “Vai prender o senhor”, e o religioso demonstra medo da prisão. “Deixa um delegado meio doido começar a fazer pergunta pesada”, afirma ele. “Aí, gente, eu vou falar para vocês uma coisa. Isso aí é crime organizado“.
Klaus Marques assente sobre a afirmativa, acrescentando: “E o senhor [padre Robson] é o chefe”, o que é reiterado pelo religioso. “E eu sou o chefe da quadrilha”.
RESPOSTAS
O advogado Klaus Marques afirmou desconhecer os fatos e destacou que a Afipe foi pautada pela legalidade. Ele ainda disse ter agido respaldado pelo estabelecido no Estatuto da Advocacia.
Já a Afipe pontuou que nenhuma das pessoas mostradas na reportagem do Jornal da Record têm relação com a associação.
O STJ, por sua vez, comunicou ao portal não divulgar informações sobre “ações originárias em segredo de Justiça, as quais estão sob o comando dos respectivos relatores, sob pena de prejuízo ao andamento das investigações”.
ENTENDA O CASO
A Afipe foi presidida pelo religioso até ele ser afastado da entidade, o que ocorreu após deflagração da Operação Vendilhões pelo MPGO, em agosto de 2020. Conforme o jornal Estado de Minas, a investigação começou após o próprio religioso denunciar ser vítima de extorsão de hackers, que teriam descoberto um relacionamento amoroso dele.
A verba, porém, foi usada para compras de fazenda e imóveis de luxo, além de possíveis aplicações financeiras. Apesar da investigação, o STJ manteve, em maio, o inquérito policial e a ação criminal contra o padre trancados. A lista de compras tem, ainda, um avião de pequeno porte, segundo o jornal mineiro.
De acordo com o ministro Olindo Menezes, o compartilhamento de dados do religioso foi ilegalmente utilizado pelo MPGO para dar início à operação. O TJGO seguiu o entendimento do magistrado.