Polícia Civil do RJ prende 2 em operação contra a lavagem de dinheiro do tráfico da Cidade de Deus; suspeito é baleado
Agentes saíram para cumprir 6 mandados de prisão, 25 busca e apreensão e 2 determinações de sequestro de imóveis.
A Polícia Civil do RJ iniciou nesta sexta-feira (1º) a Operação Karatê S/A, contra a lavagem de dinheiro do tráfico da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Há relatos de intensos tiroteios na região. Segundo a polícia, um suspeito foi baleado.
O alvo principal é Ederson Jose Gonçalves Leite, o Sam, chefe do tráfico da Cidade de Deus e integrante da cúpula do Comando Vermelho, a maior facção criminosa do estado. Sam estava em liberdade condicional após retornar do sistema penitenciário federal.
Agentes saíram para cumprir 6 mandados de prisão, 25 busca e apreensão e 2 determinações de sequestro de imóveis, no valor de R$ 3 milhões, expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada da Capital.
Até a última atualização desta reportagem, duas mulheres tinham sido presas: Dilma Lins da Silva Fonte Lopes, encontrada em uma casa de luxo na região da Taquara; e Ivone João Pedro — ambas já foram casadas com Sam e, segundo as investigações, eram laranjas do traficante.
Coaf e Receita contra o tráfico
Relatórios de inteligência financeira do Coaf e do E-Financeira da Receita Federal apontaram, por exemplo, movimentações milionárias e fracionadas e aquisições de imóveis de veículos.
Somente com a quebra de sigilo fiscal, a força-tarefa identificou 8.529 notas fiscais de aquisições de produtos, totalizando R$ 1,7 milhão, valor incompatível com os rendimentos declarados dos investigados.
As investigações também descobriram que Sam explorava o monopólio de internet na comunidade como forma de lavar dinheiro.
A polícia afirma que o braço do Comando Vermelho na Cidade de Deus “atua diretamente nos índices de roubos de veículos a transeuntes e a estabelecimentos comerciais, bem como saidinhas de banco e extorsões mediante sequestro”.
Helicóptero da Polícia Civil sobrevoa a Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro
Agentes em terra e no ar
O Globocop flagrou um helicóptero da polícia voando a baixa altitude e dando rasantes, em apoio às equipes em terra.
No chão, policiais encontraram muros com seteiras — buracos abertos para posicionar fuzis e demais armas de cano longo.
“A gente já teve conhecidamente um confronto com eles, porque essa é a política daquela localidade”, afirmou o delegado Gustavo Rodrigues.
“Essa operação tem duas frentes: uma é desarticular o fluxo financeiro e conseguir o confisco desses bens decretados judicialmente, trazendo esse dinheiro que era do crime, que foi lavado, de volta para o estado”, explicou o delegado.
“A outra frente é conseguir mandados de prisão para as lideranças que dominam há duas décadas a localidade e são um mau exemplo para juventude local”, emendou.
Em verde, seteiras abertas pelo tráfico da Cidade de Deus